Histórico
Localizado na fronteira dos municípios de Paverama, Tabaí, Montenegro e Triunfo, o Morro dos Cavalos foi palco de diferentes acontecimentos e atualmente abriga rica diversidade da flora e da fauna locais, além de setores de escalada nos quais predominam vias com proteções móveis e mistas de até três enfiadas.
Primeiros habitantes
Os primeiros habitantes humanos do local foram indígenas do tronco tupiguarani, há cerca de dois mil anos atrás. De acordo com os pesquisadores Ronaldo Herrlein Jr. e Vera Regina F. Carvalho (1999), "quando os colonizadores ibéricos começaram a chegar ao “Novo Mundo”, povos indígenas habitavam o vale do rio Taquari, da mesma forma que todo o território que viria a ser o Rio Grande do Sul. Os índios que estavam na região eram principalmente do tronco tupiguarani, que também predominavam em todo o território em que atualmente está o Brasil, o Paraguai, o Uruguai e parte da Argentina. Darcy Ribeiro (1995) estima que então esse território deveria ser habitado por cerca de 5.000.000 de índios, que viviam em grupos tribais. No território do Rio Grande do Sul estima-se que antes da chegada do homem branco havia cerca de 100 mil índios (Ribeiro, 1995; Costa, 1998).2 No vale do rio Taquari e adjacências pode-se presumir que havia no máximo 10 mil índios antes do contato com a civilização ibérica." (HERRLEIN JR; CARVALHO, 1999, p.2).
Toponímia
A origem do nome "Morro dos Cavalos" remonta ao século XIX. Conforme consta em publicação do Jornal A Hora, "a batalha dos farrapos contra o governo imperial – registrada do dia 20 de setembro de 1835 a 1° de março de 1845 – passou pelo Vale do Taquari. Um reduto com cerca de um hectare de laje em meio ao matagal serviu de esconderijo para os soldados gaúchos durante a Revolução Farroupilha. Era lá que eles substituíam os cavalos fatigados pelos descansados."
Também na dissertação de mestrado da bióloga e escaladora Irene Fernandes constam referências à denominação Morro dos Cavalos.. Neste trabalho no qual realiza o levantamento da flora vascular rupestre do Morro do Cabrito (Yeye) e do Morro de Sapucaia, Irene Fernandes assim se manifesta em relação a toponímia dos morros da região: "O Morro do Cabrito [...] está incluído em um complexo de morros denominado Morro dos Cavalos, apesar de ficar bem isolado das demais elevações do lugar" (FERNANDES, 1990, p.16, grifo nosso).
Figura 1. Fotografia da dissertação de mestrado da bióloga e escaladora Irene Fernandes. Foto: Cassiano Pamplona
Primeiras vias de escalada
Apesar dos seus destacados afloramentos e de sua proximidade com o Morro do Yeye (escaldo pela primeira vez em 1956 e frequentado por escaladores gaúchos desde então), a primeira via de escalada do Morro dos Cavalos foi conquistada apenas em 1998 pelos integrantes da Associação de Montanhistas de Esteio (AMES) Antônio Reis e Emerson Prochnow. A via foi batizada como "Cabeça de Porco" em homenagem a um dos antigos moradores do local, seu Arthur, que costumava usar essa expressão para se referir às pessoas do seu círculo de amizades. Depois desta, somente dezessete anos depois, em 2015, retomou-se as escaladas e as conquistas no Morro dos Cavalos. Na primeira expedição de reconhecimento, realizada no mês de setembro, duas vias novas foram conquistadas pelos escaladores Cassiano Pamplona, CJ Marchioro, Fabrício Tolotti e Jorge Lima: a "Coragem e Envergadura" (VIIb) e a "Fenda da Pirambeira" (VI). No mesmo ano, foi conquistada também a primeira enfiada da já clássica Piolet de Foice pelos escaladores CJ Marchioro, Fabrício Tolotti e Jorge Lima. De lá para cá, foram estabelecidas mais de vinte vias no Morro dos Cavalos, a maioria delas no estilo tradicional com proteções móveis.